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O que aprendemos na nossa visita a Índia?

COMER (com cuidado), REZAR (com devoção) e AMAR (desbragadamente)

Esta é uma narrativa bem diferente da ficção exibida no horário nobre conhecida como “Caminho da Índia”. Nas próximas linhas descreveremos as aventuras e aprendizados de Isabel Macarenco e Maria de Lurdes Zamora na visita a Índia no final de dezembro de 2008 e meados de janeiro de 2009.

Conhecemos parte da Índia percorrendo estradas precárias que nos levaram de Nova Deli para Rishikesh, depois para Agra, Orcha e Kajuraro, e ainda, voando pela King Fisher para Varanasi, depois para Puna, Jaipur e Nova Deli. Descobrimos, quase ao término da viagem, no mesmo local de início da jornada, que o belo estava bem escondido em grande parte e o sujo saltando aos nossos olhos, por todos os lados. Enquanto, o ruído nos entorpecia e nos para-choques de caminhões, carros, riquixás e ônibus o lema era ‘HORN PLEASE!’, ou seja, Buzine por favor!

Talvez ali estivesse evidente o espelho de cada um de nós!? Acredito que somos assim ‘sujos e ao mesmo tempo lindos!’ como a Índia. Na nossa “inocência” de seres civilizados, nos indignamos com o lixo visível e a desorganização para dar a mínima importância à grandiosidade da nossa imundície interior.

Em certo momento pensamos ‘precisamos de uma lan house para compartilhar com os nossos amigos, familiares e alunos as fotos deste lugar mágico’.

Tínhamos alguma consciência, mas depois se tornou bem claro o quanto fizeram-nos, escola, família, religião, sistema econômico, acreditar que o certo estava na personalidade de um ocidental, cujas características são a força (que os indianos têm mais fraco), a astúcia, o orgulho, a auto-importância em demasia e o egocentrismo. Perguntamos a nós mesmos como conseguimos fazer tudo isso funcionar dentro de nós? Como convivemos com tanta prepotência dentro de nós enquanto a Índia consegue conviver e sobreviver diante de tanta sujeira, hábitos simplistas, muita pimenta, templos, palácios em ruínas, camundongos, búfalos, vacas, cachorros, porcos, elefantes e camelos, dentre tantos outros?

Afobadas com este momento queríamos fotografar as pessoas e os lugares tão diferentes do que era comum aos nossos olhos. Porém, eles também queriam registrar aquele momento o marido pediu gentilmente para que nos deixassem ser fotografadas ao lado da esposa e dos filhos pequenos.

Nos olhares indianos notamos a simplicidade de alma, o grande valor humano, a humildade, a tolerância, o perdão, o não-julgamento, a aceitação e a devoção. Diferente de nós ocidentais orgulhosos, com tolerância zero, sem perdão, com raiva e com uma grande devoção às posses e às aparências.

Quanto aos dias vividos no Ashram do Osho em Puna: quando o mestre parte quase tudo muda! Os seguidores podem deturpar os princípios. Quem está certo? O oriente Índia ou o nosso ocidente? O caminho do meio é sábio e pode nos levar a aprender com eles humildemente, sem crítica e julgamento, com a aceitação, com alegria espontânea, com devoção, com sabedoria, com respeito aos animais e com não violência.

Finalmente, encontramos uma lan house e lá nos deparamos com um rato correndo em nossa direção. Claro, ficamos assustadas. De repente alguém fala em português: ‘calma isto é Índia’. Neste momento, começamos a nos questionar: Qual o susto? Temos medo e nojo, mas não temos nojo quando o rato do ego corre a nossa frente, em nosso cotidiano, enquanto nós o aceitamos e o toleramos sem problemas.

E ai, se torna fácil compreender e amar a Índia quando vemos as pessoas apinhadas dentro dos riquixás, uma família inteira locomovendo-se numa moto, o menino no elefante ou uma mulher de roupas muito coloridas carregando um fardo do tamanho e formato de uma mala na cabeça e ainda um bebê em seu quadril e ela passivamente faz isso. No primeiro momento, tivemos dó e compaixão dela. Fazendo uma analogia simples transportamos diariamente uma carga profissional estressante com conflitos, mimamos os nossos filhos em excessos e temos conflitos nos relacionamentos interpessoais. Talvez fosse para indignarmo-nos com tanta violência contra nós mesmos, mas passivamente levamos os dias! Então podemos constatar que nossa essência é que tem esta compaixão, mas o ego não!

Há um des-condicionamento na Índia que todos deveriam conhecer e uma grande lição o ‘autoconhecimento’. Se quisermos mudar algo talvez possamos começar pela nossa própria vida insignificante. Podemos amar a Índia e os indianos, aprendendo com eles a reconhecer o amor presente na expressão Mãe Índia. A nossa vontade é levar treinamento e desenvolvimento aqueles jovens, para fazer algo pela educação, saúde e trabalho deles. Poderemos até ensinar aos indianos melhores padrões de higiene e qual será a grande troca de aprendizagem? Eles podem nos ensinar a higienizar nossas personalidades e mentes.

O que aprendemos com a viagem à Índia? Pudemos compreender sobre a nossa debilidade, incapacidade, falta de disciplina e de aprofundamento sobre a própria viagem, roteiros e transportes, sobre a falta de tolerância e pela grande ILUSÃO e pura pretensão de nos auto titularmos mestra e doutora!